O BELO TRANSCEDENTAL E O BELO ESTÉTICO
Pedro Virgínio P. Neto
Para os antigos filósofos, Platão e
Aristóteles, a arte é uma “mimesis”, uma imitação da vida e do mundo. Para
Platão a arte é como um reflexo em um espelho. Para Aristóteles a arte também é
uma imitação só que expressa de modo sublimado, despida ou acrescida de alguns
elementos que imprimem à obra uma certa idealização.
Para os antigos a natureza era o ponto
de partida para a filosofia e para pensar as questões humanas. Com a arte não
seria diferente.
Mesmo um filósofo materialista, como
Epicuro, considerava que a natureza está perpassada de uma certa harmonia, de
uma lógica inerente, de uma razão e de proporção próprias. Esta natureza, portanto, possui beleza
contida em sua harmonia.
Tal beleza existe independentemente da
presença humana. Caso não existissem homens sobre a face da terra, esta Beleza
Natural ainda existiria. Por isso ela é chamada de Beleza Transcendental, pelo
fato de estar para além do homem.
Quando o ser humano entra em cena e,
através de seus sentidos e de sua inteligência (sentido intelligenciado),
percebe a beleza natural particularizada em dados objetos ou seres, passamos a
falar de percepção do Belo estético, quando a visão do objeto ou do ser agrada
ao observador. Leve-se em conta que, em sua raiz etimológica, o termo
“estética” traz a ideia do que “pode ser percebido pelos sentidos”.
O Belo estético pode ser percebido
tanto nos seres naturais como nas produções humanas. Neste último caso
falaremos em Belo artístico.
“Tudo é belo, transcendentalmente falando, por que tudo possui certa proporção, certa forma; mas nem tudo é belo, esteticamente falando, porque nem tudo agrada ao sentido intelligenciado“ (TOBIAS, 1998).
“Sem o homem, não existirá conhecimento do Belo estético, mas a realidade objetiva do Belo estético continuará existindo realmente do mesmo jeito que antes; o belo estético, então, será o Belo transcedental. (...) continuará sendo uma realidade ontológica, como antes.” (TOBIAS, 1998).
A conclusão a que chegamos, até aqui, é
de que o belo existe objetivamente, como realidade ontológica, do Ser, segundo
uma perspectiva filosófica clássica. Mas existem elementos subjetivos
envolvidos na questão como o conhecimento e o agrado.
A beleza estética é percebida nas
coisas individuais como “nesta poesia”, “nesta música” ou “nesta escultura”. Ao
tomar conhecimento destes objetos por meio dos sentidos, que podem ser
agradados ou feridos pelos estímulos de tais objetos, o pendor da vontade
humana também é influenciado. Quando o estímulo agrada, o observador é atraído;
levado a desejar o objeto e a fruir de sua beleza. Do contrário, quando os sentidos
são feridos, o observador é repelido, levado a afastar-se.
Estão, pois envolvidos na apreensão da
beleza Estética a sensação, o conhecimento, o agrado e a vontade.
Bibliografia
TOBIAS, José
Antonio. Iniciação à Filosofia. 10 ed. São Paulo: Ave Maria, 1998.
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