34 Máximas sobre a amizade
verdadeira: a partir de “A amizade” de Cícero
Marco
Túlio Cícero foi um orador, político, advogado e filósofo romano. Viveu entre
106 a.c. 44 a.c. Morreu mais ou menos aos 62 anos de idade. Foi condenado pelo
imperador e sua cabeça exposta na tribuna dos oradores, no senado romano.
Neste
pequeno livro, Cícero discorre sobre o tema da amizade. Um tema muito querido
por filósofos antigos. Uma filosofia que tinha uma forte ênfase na educação
moral dos indivíduos.
O tema
das Virtudes é bastante evocado, sendo a virtude o fundamento mesmo da amizade
verdadeira, segundo Cícero, só podendo haver verdadeira amizade, entre pessoas
boas ou virtuosas. Cabe lembrar que Virtude, segundo Aristóteles, são os bons
hábitos. Hábito é aquilo que se pratica regularmente e persistentemente. Os
hábitos formam o caráter do ser humano. Se seus hábitos são bons, ele será um
ser humano virtuoso, pronto para usufruir de verdadeiras amizades. Se seus
hábitos são maus, então são denominados de vícios. Uma verdadeira amizade, dirá
Cícero, não pode existir em meio aos vícios.
v A amizade prevalece
mesmo sobre as relações de parentesco. É possível manter o parentesco sem
manter amizade.
v Somente entre pessoas
boas pode haver verdadeira amizade, pois ela é gerada e sustentada pelas
virtudes presentes no caráter dos amigos.
v As virtudes são
hábitos positivos de vida cultivados dia a dia.
v Amigo verdadeiro é
aquele a quem tu podes revelar o segredo, como se falasse consigo mesmo.
v A presença dos amigos
ameniza as adversidades, e torna mais esplendoroso os momentos de alegria.
v A amizade une os
homens em família e em todos os âmbitos da sociedade. O ódio e a discórdia, os
separam.
v Um amigo verdadeiro é
como um exemplar de si mesmo.
v Qual o fundamento da
Amizade? Estaria em nossa carência, no interesse pessoal e na busca de
favores? Ou estaria fundamentada na
própria natureza do homem, numa bondade voluntária? A verdadeira amizade
fundamenta-se na admiração pelo outro, em função de suas virtudes.
v A virtude observada
no outro, amada mesmo quando presente no inimigo, é o fundamento da
verdadeira amizade.
v A Amizade
fundamenta-se no Amor em si, não na expectativa de pagamento.
v Se o fundamento da
amizade verdadeira fosse a necessidade, satisfeita a necessidade também
desfeita estaria a amizade. Mas a
amizade verdadeira é duradoura.
v Mudanças de costumes,
diferenças de pensamento político, rivalidades, desejos de riqueza e Glória e
perdidos injustos. São, todos estes, males que desfazem as amizades.
v Manter uma amizade
por toda a vida requer grande esforço e sorte.
v Uma vez que o lastro
da Amizade é a virtude, a lei maior da Amizade é não pedir ou atender a
pedido sobre coisas injustas ou criminosas, em nome da Amizade. A amizade verdadeira
só pode conduzir à virtude, posto que ela só pode existir entre pessoas boas.
v Uns dizem que deve-se
evitar o excesso de amizades, para não absorver problemas dos outros. Outros
que o objetivo da amizade nada mais é do que obter segurança. Na verdade a
amizade é a melhor parte da vida.
v Deixar de ajudar um
amigo no que é honesto, não é Virtuoso. A virtude sempre sofrerá o peso da
oposição. Por isso a dor apunhala o espírito do sábio.
v A virtude domina o
conceito de amizade verdadeira, pois só duas almas semelhantemente virtuosas
podem nutrir verdadeira amizade.
v Os semelhantes se
atraem. Entre pessoas boas vigora necessária benevolência, pois a virtude é a
fonte mesma da verdadeira amizade.
v O amigo é amigo por
ser útil ou é útil ou por ser amigo? Certamente a verdadeira amizade precede a
utilidade.
v Que valor terá uma
infinita riqueza sem a posse de amigos verdadeiros? Assim vivem os tiranos, sem
desfrutar de amizades verdadeiras.
v As riquezas migram de
uma mão para outra, mas a amizade é um bem exclusivo para toda vida.
v A Escolha dos amigos
e o cultivo dessas amizades, devem ser mais criteriosos do que a ação de
adquirir propriedades.
v O homem de caráter
leviano e fraco, na prosperidade despreza os amigos, e na desgraça deles,
os abandona.
v As velhas amizades,
por terem suportado o tempo e as dificuldades, dão mostras de serem
verdadeiras. Antes de constatar a veracidade de uma amizade, é preciso
comer muito sal junto com esse amigo.
v Na amizade o grande
se abaixa e o pequeno se eleva. A amizade está acima das posições sociais.
v Um companheiro de jogo
não se constitui, necessariamente, num amigo.
v Quando surgem
determinados vícios na amizade, ou os gostos e costumes mudam radicalmente, não
se deve romper a amizade de modo brusco. Deve -se afrouxar os laços pouco a
pouco. A ruptura brusca gera inimizades e rixas.
v As amizades devem ser
cultivadas de modo lento, antes de serem totalmente estabelecidas. Isto
evita as rupturas bruscas e o surgimento de inimizades.
v As amizades se
desfazem quando o lastro da virtude se perde.
v A amizade verdadeira
se fundamenta na excelência do caráter, no afeto desinteressado, na
identificação com o outro, no trato justo e respeitoso. Um amigo não expõe o
outro à vergonha.
v A primeira condição
para ter amigos é ser uma pessoa boa e então procurar um igual.
v A prática da virtude
nos trará as verdadeiras amizades.
v De todos os bens
humanos o que não podemos desprezar é a amizade. Sem ela toda a riqueza perderia
seu deleite. A maior parte do deleite de certos bens se dá quando deles
partilhamos com um amigo.
v Um amigo deve falar a
verdade ao amigo, repreendendo-o, ainda que de modo cortez, quando ele está
incorrendo em erro, não temendo o dito: “a complacência gera amigos, a verdade,
ódio.”
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