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34 Máximas sobre a amizade verdadeira: a partir de “A amizade” de Cícero




34 Máximas sobre a amizade verdadeira: a partir de “A amizade” de Cícero
                                                                                       Prof.  Pedro Virgínio P. Neto


Marco Túlio Cícero foi um orador, político, advogado e filósofo romano. Viveu entre 106 a.c. 44 a.c. Morreu mais ou menos aos 62 anos de idade. Foi condenado pelo imperador e sua cabeça exposta na tribuna dos oradores, no senado romano.

Neste pequeno livro, Cícero discorre sobre o tema da amizade. Um tema muito querido por filósofos antigos. Uma filosofia que tinha uma forte ênfase na educação moral dos indivíduos.
O tema das Virtudes é bastante evocado, sendo a virtude o fundamento mesmo da amizade verdadeira, segundo Cícero, só podendo haver verdadeira amizade, entre pessoas boas ou virtuosas. Cabe lembrar que Virtude, segundo Aristóteles, são os bons hábitos. Hábito é aquilo que se pratica regularmente e persistentemente. Os hábitos formam o caráter do ser humano. Se seus hábitos são bons, ele será um ser humano virtuoso, pronto para usufruir de verdadeiras amizades. Se seus hábitos são maus, então são denominados de vícios. Uma verdadeira amizade, dirá Cícero, não pode existir em meio aos vícios. 

v A amizade prevalece mesmo sobre as relações de parentesco.  É possível manter o parentesco sem manter amizade.

v Somente entre pessoas boas pode haver verdadeira amizade, pois ela é gerada e sustentada pelas virtudes presentes no caráter dos amigos.

v As virtudes são hábitos positivos de vida cultivados dia a dia.

v Amigo verdadeiro é aquele a quem tu podes revelar o segredo, como se falasse consigo mesmo.

v A presença dos amigos ameniza as adversidades, e torna mais esplendoroso os momentos de alegria.

v A amizade une os homens em família e em todos os âmbitos da sociedade. O ódio e a discórdia, os separam.

v Um amigo verdadeiro é como um exemplar de si mesmo.

v Qual o fundamento da Amizade? Estaria em nossa carência, no interesse pessoal e na busca de favores?  Ou estaria fundamentada na própria natureza do homem, numa bondade voluntária? A verdadeira amizade fundamenta-se na admiração pelo outro, em função de suas virtudes.

v A virtude observada no outro, amada mesmo quando presente no inimigo, é o fundamento da verdadeira amizade.

v A Amizade fundamenta-se no Amor em si, não na expectativa de pagamento.

v Se o fundamento da amizade verdadeira fosse a necessidade, satisfeita a necessidade também desfeita estaria a amizade.  Mas a amizade verdadeira é duradoura.

v Mudanças de costumes, diferenças de pensamento político, rivalidades, desejos de riqueza e Glória e perdidos injustos. São, todos estes, males que desfazem as amizades.

v Manter uma amizade por toda a vida requer grande esforço e sorte.

v Uma vez que o lastro da Amizade é a virtude, a lei maior da Amizade é não pedir ou atender a pedido sobre coisas injustas ou criminosas, em nome da Amizade. A amizade verdadeira só pode conduzir à virtude, posto que ela só pode existir entre pessoas boas.

v Uns dizem que deve-se evitar o excesso de amizades, para não absorver problemas dos outros. Outros que o objetivo da amizade nada mais é do que obter segurança. Na verdade a amizade é a melhor parte da vida.

v Deixar de ajudar um amigo no que é honesto, não é Virtuoso. A virtude sempre sofrerá o peso da oposição. Por isso a dor apunhala o espírito do sábio.

v A virtude domina o conceito de amizade verdadeira, pois só duas almas semelhantemente virtuosas podem nutrir verdadeira amizade.

v Os semelhantes se atraem. Entre pessoas boas vigora necessária benevolência, pois a virtude é a fonte mesma da verdadeira amizade.

v O amigo é amigo por ser útil ou é útil ou por ser amigo? Certamente a verdadeira amizade precede a utilidade.

v Que valor terá uma infinita riqueza sem a posse de amigos verdadeiros? Assim vivem os tiranos, sem desfrutar de amizades verdadeiras.

v As riquezas migram de uma mão para outra, mas a amizade é um bem exclusivo para toda vida.

v A Escolha dos amigos e o cultivo dessas amizades, devem ser mais criteriosos do que a ação de adquirir propriedades.

v O homem de caráter leviano e fraco, na prosperidade despreza os amigos, e na desgraça deles, os abandona.

v As velhas amizades, por terem suportado o tempo e as dificuldades, dão mostras de serem verdadeiras. Antes de constatar a veracidade de uma amizade, é preciso comer muito sal junto com esse amigo.

v Na amizade o grande se abaixa e o pequeno se eleva. A amizade está acima das posições sociais.

v Um companheiro de jogo não se constitui, necessariamente, num amigo.

v Quando surgem determinados vícios na amizade, ou os gostos e costumes mudam radicalmente, não se deve romper a amizade de modo brusco. Deve -se afrouxar os laços pouco a pouco. A ruptura brusca gera inimizades e rixas.

v As amizades devem ser cultivadas de modo lento, antes de serem totalmente estabelecidas.  Isto evita as rupturas bruscas e o surgimento de inimizades.

v As amizades se desfazem quando o lastro da virtude se perde.

v A amizade verdadeira se fundamenta na excelência do caráter, no afeto desinteressado, na identificação com o outro, no trato justo e respeitoso. Um amigo não expõe o outro à vergonha.

v A primeira condição para ter amigos é ser uma pessoa boa e então procurar um igual.

v A prática da virtude nos trará as verdadeiras amizades.

v De todos os bens humanos o que não podemos desprezar é a amizade. Sem ela toda a riqueza perderia seu deleite. A maior parte do deleite de certos bens se dá quando deles partilhamos com um amigo.

v Um amigo deve falar a verdade ao amigo, repreendendo-o, ainda que de modo cortez, quando ele está incorrendo em erro, não temendo o dito: “a complacência gera amigos, a verdade, ódio.”






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