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INSIGTHS SOBRE "CARTAS A UM JOVEM POETA", DE RAINER MARIA RILKE

INSIGTHS SOBRE "CARTAS A UM JOVEM POETA", DE RAINER MARIA RILKE

Prof. Pedro Virgínio Neto

IMPRESSÃO GERAL

Reiner Maria Rilke foi um poeta austríaco. Muitos o descreveram como um poeta lírico e até mesmo místico. 

As cartas, escritas entre 1903 e 1908, são dirigidas a um jovem poeta: Franz Xaver Kappus. A julgar pelas respostas de Rilke, este jovem poeta andava angustiado por compreender o valor de sua própria arte e com outras questões da vida e da profissão. 

A tônica de Rilke recai sempre sobre a necessidade de encontrar em seu próprio interior, na constituição do próprio ser, o sentido para fazer o que se faz. A saber, a arte da escrita. Não faria sentido buscar respostas fora, no valor que outros poderiam atribuir à sua produção, se ela fosse algo que brota da própria alma. E se assim fosse, também tal preocupação seria sem sentido. 

Rilke aconselha à solidão, vida íntima, paciência, harmonia, aceitação do fluxo da vida. 

A ESSÊNCIA DAS CARTAS

  • Entra em ti mesmo e examina os motivos que te levam a escrever. Se os poemas nascem da vida íntima genuína, de uma necessidade interior, eles valem à pena. E não deves perguntar a ninguém se são ou não são bons. 
  • O artista não deve ter pressa. Deve amadurecer lentamente, no cultivo da vida interior, até que os elementos da arte se tornem parte de seu próprio ser. 
  • Há uma analogia profunda entre a fecundidade carnal e a fecundidade artística. A perpetuação das coisas. Pelas distorções do desejo carnal, perde-se a percepção de que há uma lei superior, acima do mero prazer físico. A virgem, a mãe e a anciã, são expressões distintas de uma mesma lei ou poder transcendente, que se expressa na maternidade. Na Virgem, como possibilidade. Na mãe, como serviço e na anciã, como recordação. No próprio homem exprime-se uma maternidade carnal e espiritual.
  • Na solidão, mesmo em momentos turbulentos, encontramos amparo e lar. 
  • Contempla a beleza em toda parte. A beleza da antiguidade de Roma não é exclusiva. Ao contemplar a beleza nos recolhemos para além da tagarelice das pessoas. Nós falávamos sobre isso "T", outro dia. A maioria das pessoas gosta de falar qualquer coisa, mesmo sem sentido algum. 
  • No momento de angústia, procura a solidão interior. Olha tudo da perspectiva de uma criança, para a qual tudo é como uma novidade. Mantenhas a esperança de vir a ser o que desejas ser. Se fosses já tudo o que pretendes ser, que sentido restaria para a vida?
  • Existe uma grande diferença entre o amor que respeita a solidão do outro e os amores turbulentos da juventude. O amor é uma oportunidade para o amadurecimento do ser, mas muitos amam erradamente sem respeito pela solidão do outro e pela sua própria. Não fuja da solidão, do cultivo da vida interior.
  • A tristeza é um sinal de vida dentro de nós. É um movimento vital. A solidão é importante nessas horas. Aquilo que foge à rotina é quase sempre negado como sendo algo estranho à própria vida (A tristeza, a morte, etc.). Mas essas mudanças são parte da vida. Imaginando que a existência humana é como um quarto e que a maioria fica parada por toda a vida em um único ponto,  devemos nos manter em assim tão restritos dentro do nosso quarto. Às vezes nos afastamos do no novo por medo ou preguiça.
  • Diante dos teus conflitos, transforma as tuas dúvidas em conhecimento: Questiona-as, pede provas e argumentos. Transforma-as em crítica. Converte-as em algo construtivo. Deixa a vida fluir. Acontecer. Ela tem sempre razão. Tem paciência. 

  • Chaves: Solidão, vida interior, aceitação dos fluxos da vida, harmonia, contemplação do belo em toda parte, contemplação das coisas simples










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