As lições que aprendi

Pedro Virgínio P. Neto

Há 41 anos nascia eu, e neste dia quero compartilhar com os amigos, não um pedaço de bolo, mas algumas lições que tenho aprendido ao longo destes anos.

Sinto-me grato a Deus pela vida que tenho vivido, sobretudo pelas lições que recebi das pessoas com quem me encontrei e dos eventos que marcaram minha vida.

         Ao longo desses anos Aprendi algumas lições que, a mim, têm sido valiosas, as quais passo a compartilhar agora:

1.   Aprendi que a família é um dos nossos bens mais importantes. Todo ser humano nasce de um outro alguém, de um pai e de uma mãe. Ainda quando estes, por diversas razões, não estão presentes, inevitavelmente nos ligamos a algumas pessoas que passam a constituir para nós a nossa família. A nossa vida se inicia com essas primeiras relações. Felizes aqueles que podem crescer no seio de uma família acolhedora. Sou grato pela família em que nasci e cresci. É minha raiz. Hoje nos esforçamos para ser às nossas filhas o mesmo Porto Seguro.

2.   Aprendi, desde muito cedo, a ancorar em Deus o sentido da vida e tenho buscado nele a força para enfrentar as batalhas. Esta lição a recebi, sobretudo, de minha saudosa avó, que antes de todos os seus trabalhos rezava: “Senhor, dá me força e coragem”, e que ao longo de décadas me abençoou, sempre que eu saía de casa, dizendo: “vá com Deus na frente, paz na guia e o santo anjo do Senhor na sua companhia”. Palavras que sempre me confortaram e encorajaram.

3.    Aprendi que é muito bom cultivar a amizade de todos. A amizade moderada pelo respeito.  Até onde dependeu de mim cultivei a paz com todos.  Onde não foi possível o afeto positivo, cultivei pelo menos o respeito.  Onde não pude elogiar sinceramente, guardei o silêncio.  Onde tive que criticar, procurei não ofender de maneira baixa.

4.   Aprendi a amar os livros e as palavras.  Aprendi que as palavras são poderosas, preciosas e eficazes.  Um dos conselhos mais corriqueiros que dou as minhas filhas é “Fale com firmeza, pronuncie bem as palavras”. A boa comunicação é uma arma para defesa de si mesmo e de outros, bem como uma chave que abre portas. As palavras são os tijolos que compõem o edifício do pensamento e da inteligência. Elas nos distinguem dos demais animais e nos assemelham a Deus. Contudo, as palavras devem ser adequadas ao momento e devem sempre enriquecer e elevar os que as ouvem e aquele que as pronuncia. Fazer bom uso das palavras, mas não falar demais.

5.   Aprendi que a felicidade está na simples satisfação. A pessoa que sente alegria em uma xícara de café com bolo, saberá deleitar-se numa rica mesa de jantar. Mas aquele que só se alegra numa rica mesa de jantar tende a desejar sempre mais do que necessita e deve rezar para que a sua sorte não mude.

 Aprendi que a melhor casa é a minha, que a melhor mãe é a minha, que a melhor esposa é a minha. Aprendi que o melhor que posso ter no momento é o que tenho.  Aprendi que a minha rede, armada em meu quarto, é melhor que a suíte do presidente porque nela deito e durmo em paz, na presença de Deus e dos meus familiares.

6.    Aprendi a inutilidade da revolta e do rancor guardado no coração. Esta lição devo-a, sobretudo, a minha mãe.  Uma de suas frases preferidas é “tudo passa”. De fato, tudo passa. O tempo passa e é preciso não prender-se a certos eventos ou pessoas por meio da mágoa, rancor ou raiva. Algumas coisas na vida são como são ou como já foram. Já não se recuperam, não podem ser reelaboradas. Só podemos elaborar nosso sentimento em relação a elas e seguir em frente, semeando as melhores sementes para o futuro. Se me perguntarem, agora, se trago mágoas de alguém, responderei que não.  Trago o coração livre de mágoas. Dou graças a Deus.

Enfim, neste dia, ao dobrar o cabo dos 40 anos, sinto-me satisfeito olhando para trás, para minha trajetória de criança, de jovem, de rapaz, de esposo, de pai, de professor, de discípulo de Cristo. Seguindo sempre devagar, passo a passo, até um dia encontrar- me com um mistério que sempre me fascinou:  Deus.

10 de abril de 2018