A IMPORTÂNCIA DO ACOLHER EM MEIO AOS IMPACTOS DA PANDEMIA NA SAÚDE MENTAL DA POPULAÇÃO
Pedro
Virgínio P. Neto
“Essa
pandemia está me matando”. É assim que muitas pessoas resumem o conjunto de
sentimentos, sensações e circunstâncias que as tem assaltado durante este
período de mais ou menos um ano de enfrentamento da pandemia de Covid-19 no
Brasil.
Nessa
frase curta, estão contidos sentimentos como de medo, ansiedade, frustração,
desânimo, raiva e tédio, dentre outros. Acrescente-se a saudade que muitos
passam a vivenciar em relação a parentes queridos que partiram em função da
doença. A solidão consome aqueles que, sendo integrantes de grupos de risco, viram-se,
derrepente, apartados do convívio de seus filhos, netos, pais e parentes
próximos.
A
política de isolamento social, necessária para tal combate, como todo remédio,
também trouxe muitos efeitos colaterais. Muitas pequenas empresas não
suportaram o longo período de isolamento social em muitas regiões do país e
fecharam as portas. O desemprego trouxe, para muitos, a sensação de estar em um
“beco sem saída”.
Os
efeitos sobre a saúde mental da população em geral são intensos. Talvez, ainda
nem seja possível aquilatar com maior precisão a extensão dos traumas causados.
Em pensar que, de longa data, estudos vinham alertando para a tendência de
crescimento dos casos de depressão e ansiedade entre as populações. Diante do
quadro geral dessa crise, não precisamos ser especialistas em saúde mental para
inferir que, para os próximos anos, é expressiva a probabilidade de que essa
progressão se acelere.
O
problema, então, conhecemos. Como minimizar esses efeitos e como auxiliar as
pessoas que foram profundamente impactadas por todo este cenário? A resposta
não é de modo algum simples. Muitas são as situações e muitos são os contextos.
Mas na essência de todas as possíveis respostas e ações está o acolhimento que
podemos oferecer a essas pessoas que carregam profundas angústias, medos e
incertezas. Permitir que elas expressem o que sentem sem que a isto se
acrescente o medo de serem ridicularizadas e taxadas de fracas. Comecemos por
aqueles que nos são mais próximos. Oportunizemos a possibilidade de expressarem
seus sentimentos e, a partir disto, realizarem o exercício da vida plena rompendo
o estado defensivo rumo aos sentimentos de valorização e de realização da vida.
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