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DIÓ

                                                                                    


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  DIÓ

Prof. Pedro Virgínio P. Neto

"Melhor é ir à casa onde há luto do que ir a casa onde há banquete; porque naquela se vê o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração." (Ec 7:2)

Já nos diz a antiga sabedoria bíblica.

Só quando somos surpreendidos pela chagada da morte, é que de fato reconhecemos a veracidade desse pensamento.

Só diante da partida é que reconhecemos, com toda a intensidade, o Valor

De um pai

De um irmão

De um esposo

De um tio

De um cunhado

De um avô

De um sogro

De um amigo....

Diante dessa partida cada coisa simples que lembramos ganha um contorno especial...

O seu lugar à mesa (que ele não mais ocupará): 

"Naquela mesa tá faltando ele e a saudade dele tá doendo em mim."

Outro dia eu e ele estávamos ouvindo essa música. Agora ela será o tema da nossa saudade dele.

As suas manias cotidianas, que não mais nos inquietarão.

Os seus gestos característicos, como o pigarrear e o famoso "Ô Luzia ", quando estava impaciente esperando alguma coisa.

Quando se dirigia à Célia: "Ei Maria!".

Tinha sempre um bombom no bolso para dar as netas.

Compositor e cantor, cheio de sonhos.

Deoclecio Vitor da Silva, ou simplesmente "DEÓ", como era conhecido.

Dizem que todo caçula é dengoso.... e ele era.

É teimoso... e ele era.

Profundamente emotivo. Por tudo chorava.

Uma expressão da sua ingenuidade e humildade.

Não nos consta que tivesse alguma inimizade.

Tão simples e tão bom que até os animais o seguiam pela rua até em casa.

O cachorro chayene...

A raposa que roia tudo dentro de casa e ainda os pés das pessoas. Uma raposa de estimação! Já pensou? Era assim que ele pensava.

Os inúmeros passarinhos e o gato Vevé, que nesses dias de sua convalescença ficava em baixo da cama, azunhando os pés de quem se aproximava dele.

Seu desejo (Do gato), na verdade, era estar deitado com ele na cama, como era seu costume diário.

Emocionei-me ao olhar para o seu cantinho de trabalho, onde fabricava as suas gaiolas.

Aquele cantinho, tão bagunçado, derrepente me pareceu tão especial.

E lamentei tão profundamente o fato de que nunca mais vou chegar e encontrá-lo lá,  no meio daquela bagunça.

Com o registro em vídeo de nossa última conversa,  de um momento que já vinha planejando há tanto tempo, fica também uma importante lição:

Quando se trata de estar com as pessoas amadas, os planos devem ser poucos. E as ações imediatas.

"É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há.”

O amanhã não existe.  O que existe é o hoje. O agora. Quando chegar, o amanhã será agora.

Mas não termino com tristeza. Termino com uma nota de gratidão à Deus pelo tempo a ele e a nós concedido.

Viver é uma dádiva preciosa. Ele viveu.

Vivamos, nós!

Que Deus o receba em sua eterna Glória!                          

30/03/2022










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