“Leitura Crítica e analítica do “artigo “
REFORMA DA EDUCAÇÃO SUPERIOR BRASILEIRA - DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO A LUIZ
INÁCIO LULA DA SILVA: políticas de expansão, diversificação e privatização da
educação superior brasileira”, das autoras Vera Lúcia Jacob chaves, Rosângela Novaes Lima
e Luciene Miranda Medeiros, da UFPA.
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Objetivo do texto: As autoras apresentam como
objetivo do artigo, discutir a política educacional para o ensino superior nos
governos de Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002) e de Luís Inácio Lula da Silva
(2002 a 2005) e as mudanças que vem ocorrendo no nosso modelo de educação
superior.
·
Objeto do texto: A política de expansão e
diversificação do ensino superior por meio da via privada, com menor
investimento público neste nível de ensino.
SINOPSE:
As
autoras apresentam como objetivo do artigo, discutir o papel assumido pelo
Estado brasileiro em face das mudanças ocorridas no mundo capitalista. O
elemento central neste conjunto de mudanças são as constantes crises diante das
quais os países se veem obrigados a promover mudanças estruturais em seu
interior.
As autoras traçaram uma discussão em defesa da tese de
que a política governamental voltada para o ensino superior no Brasil nos
últimos anos esteve comprometida com uma perspectiva neoliberal, sobretudo a
partir dos governos de Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002) e de Luís Inácio
Lula da Silva (2003 a2005).
Os
números e gráficos, oriundos de fontes oficiais, demonstrando o desenvolvimento
das instituições de ensino superior, deixam claro que as tendências apontadas
pelas autoras são muito contundentes. Elas
mencionam uma série de medidas, decretos e leis que favoreceram a
expansão do setor privado no quadro de expansão do ensino superior no Brasil,
sempre sob a lógica do neoliberalismo.
A essência
de tais mudanças e medidas é encontrada em um documento do Banco Mundial (La
enseñanza Superior: las lecciones derivadas de La experiência-1995), sob a
égide de quem estas mudanças ocorrem (p.6). De acordo com o referido documento
promover uma maior diversificação das instituições de ensino superior,
incentivando o aumento do número de instituições privadas poderá contribuir
enormemente para a satisfação das crescentes demandas pela educação superior e
atender, consequentemente, as expectativas crescentes do mercado de trabalho.
A flexibilização e fragmentação são as marcas
centrais, portanto, do que vem se constituindo o novo modelo de educação
superior no Brasil. Esta flexibilização e fragmentação, referidas pelas
autoras, estão também mencionadas nas pautas de discussão dos organismos
internacionais em que se considera o modelo institucional brasileiro muito
centralizado, daí o incentivo ao estabelecimento de diferentes modelos de
instituições de ensino superior, a saber: Universidades, Centros universitários,
Faculdades integradas, Faculdades, escolas e institutos; e Centros de educação
tecnológica e faculdades de tecnologia.
A tabela de evolução das IES no Brasil (p.7)
mostra que as medidas visando à expansão do ensino superior têm surtido resultados
quanto a crescente oferta de vagas, nos diversos modelos de IES. Faculdades,
escolas e institutos é o modelo predominante no setor privado. No setor público
são as universidades. Alguns modelos tem obtido um crescimento bem maior que
outros, ao passo que as faculdades integradas tendem a desaparecer.
Observa-se
que as instituições privadas cresceram muito mais em número que as públicas, o
que ressalta o caráter privatista das mudanças ocorridas na educação de nível
superior no Brasil.(pp.7,8). Esta participação crescente do setor privado está
também prevista no PNE que menciona uma "racionalização dos gastos e uma
diversificação do sistema” (p.9).
Outro
dado significativo na análise das autoras é o número de matrículas efetuadas no
ensino superior no Brasil. No ano de 2005, o número de matrículas nas
instituições públicas representavam 26,8% do total enquanto as realizadas no
setor privado representavam 73,2%. O número de cursos em escolas privadas e
públicas é revelador também. Em 1996 havia 2698 IES públicas contra 3666
privadas. Em 2005 esta realidade mudou para 6191 IES públicas contra 14216 IES
particulares.
As autoras alimentam um tom polêmico numa
nota colocada à página 10, onde afirmam que o PROUNI caracteriza-se, na
prática, como um instrumento de transferência de recursos públicos para
instituições privadas através de uma política de incentivos fiscais sob um
discurso populista de inclusão.
Ao final
da p.11 e inicio da p.12, as autoras chamam a atenção para o baixo índice de
escolarização no país (10%), e para a grande desigualdade de renda, onde um
alto percentual das famílias está entre uma renda de 1 a 3 salários mínimos.
Isto compromete a expansão do ensino superior pela via privada, pela
incapacidade de renda das famílias.
Crítica final: indubitavelmente o processo
de descentralização e de flexibilização do Sistema de ensino superior foi de
fundamental importância para a expansão do sistema e o aumento da oferta de
vagas e do consequente acesso ao ensino superior. Evidentemente que as mudanças
quantitativas relativas ao número de Instituições, de cursos e de matrículas,
não implica melhoria na qualidade do ensino. Como sabemos o aumento
indiscriminado de cursos, sem um acompanhamento rigoroso dos órgãos
governamentais competentes, levanta muitas dúvidas quanto à qualificação dos
profissionais que são formados nos mesmos. Como as autoras bem ressaltaram, a
educação de ensino superior passa a ser considerada um produto, sujeita a todas
as leis do mercado. São aspectos do desenrolar deste processo que nos deixam
perplexos ao pensar sobre suas possíveis consequências.
Por outro lado, esperar que o Estado assuma as rédeas da
educação superior de modo absoluto, promova a expansão, em todos os aspectos, e
a oferta de vagas totalmente compatível com a procura crescente, é uma utopia.
Não se trata de uma questão de escolha, mas de condicionamento. O modo de
produção capitalista, em sua atual configuração, apresentam determinados
modelos que se tornam imperativos, pelo menos em boa mediada, sob pena de se
perder no atraso. Milhares de pessoas hoje estão matriculadas em cursos de
nível superior o que, para muitas delas, seria impensável há duas décadas.
Apesar dos riscos, este processo favorece a população.
Crato, 09 de Julho de 2012.
Obs.: Considerei que uma sinopse de 30 linhas apresentaria o
teor do artigo de muito vago.
Curso: Prática Docente Do
Ensino Superior
Disciplina: Políticas
educacionais e Legislação da educação superior.
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